Ricky, Renato e minha Revolta.:

Essa semana tivemos dois grandes fatos envolvendo dois cantores gays. Os cinquenta anos de Renato Russo e a saída (antes tarde do que nunca) de Rick Martin do closet.

De novidade, isso tudo não tem nada. Quando digo nada, é nada mesmo. Até minha avó, que já foi dessa pra melhor (eu espero!), desconfiava das marias de Ricky Martin e de seus un, dos, tres pasito pa' atras. Uepa!

Renato Russo foi um cara foda. Mas cansa em toda homenagem ver os mesmos VTs, as mesmas reportagens, os mesmos músicos. Nada de novo. Claro, fica difícil mostrar algo inédito de alguém que já morreu. Mas repetição é o fim. O Acústico da MTV por si só já dá conta do recado, ou então a reprise do “Por Toda Minha Vida”.

Fica a dica.

Mas o babado é que as duas cantoras fizeram parte da minha adolescência. Renato Russo descobri bem tarde. Lembro que fiquei chocada quando fui pra praia, na época em que tinha 14 ou 15 anos, e uma fulaninha de 9 já sabia de cor a música Faroeste Caboclo. Quando eu ainda precisava ler o encarte para cantar. Vergonha musical de my life, confesso. Mas, a partir daí, passei a conhecer todas as músicas. Não posso dizer que era fã, mas gostei muito de Legião.

Voltando a Ricky. Bem, devo admitir, que ele foi um capítulo a parte na minha vida de menina! Hahaha. Era fã mesmo, adorava. Tinha até poster. Sabia todas as músicas. Me sentia a própria bilíngue cantando “Maria” e “She Bangs” - minha favorita.

Achava e acho ele lindo. Agora não tanto como antigamente. Na época, ele tinha cabelos cumpridos. Agora a bicha não deve ter tempo de ficar milhares de horas no salão fazendo hidratação e raspou. Deve ser por causa dos filhos gêmeos, que devem ocupar boa parte do seu tempo de paimãe. Sabem como é, né... Produção independente, trabalho dobrado.

Foi muito bonitinho Ricky ter saído do armário. Mas é claro que isso não deve ter sido, como ele mesmo declarou, apenas uma forma de libertação. Por trás tem uma bela jogada de marketing. Não duvido nada ele voltar aos palcos, gravar com Madonna, Lady Gaga, ser convidado para Paradas Gays e lançar biografia. Ir ao programa da Oprah e estampar a próxima edição da Advocate.

Enfim, talvez a bicha ganhe mais dinheiro agora, assumida, do que na época do Menudos. Porque ser bicha gringa é bem mais fácil e rentável. Afinal, ele não mora num país em que uma Máfia Dourada se mobiliza, ameaça um participante gay de um reality show com 11 mil ofensas no Orkut, e ainda elege um homofóbico como o vencedor do prêmio de R$ 1,5 milhão.

Eu sei. É chover no molhado e também uma afronta misturar Renato Russo, Ricky Martin e Dourado no mesmo post. Mas preciso falar, só numas de extravasar minha revolta. Não vou ser tão clichê a ponto de dizer que nunca mais vou assistir ao Big Brother Brasil. Vou. Mas este foi um circo. Começou tão bem. Foi tão esperado por “mostrar a diversidade”, mas cagou e sentou em cima no final.

É fácil falar que Dourado não é homofobico quando se é branco, heterossexual e apresentador de um dos programas de maior audiência da TV brasileira. É fácil e vergonhoso. Não tenho repulsa daqueles que torceram por Dourado, mas sim do que se tornou a sua vitória. Do mal contra o bem? Do preconceito? Da homofobia? Não importa. Sua vitória foi suja. Falsa e armada. Com um discurso final apelativo.

A Globo bateu, depois assoprou. Tentou limpar a imagem de um cara que por si só a estragou. Afinal, quem diz que somente gays contraem o vírus da Aids é o que? Ignorante, homofóbico ou ganhador do prêmio 1 milhão e meio de reais? A Globo escolheu a ultima alternativa e fez dela a certa.

Ainda bem que Claudia Leitte não foi convidada para participar dessa palhaçada. Sobrou pra Ivete “animar” a festa. Só ela mesmo. Mais fácil, né? Já sendo global, o cachê é mais barato.

Enfim, só me resta dizer, Livin' La Vida Louca!