Várias Coisas Pra Fazer

17 maio 2011

#Gente Diferenciada.:

O importante de ser modinha é assumir que é. Sabe? Sem pressão, sem precisar usar tênis/cadarço/calça colorida. Bastar ser. Eu sou. Nunca fui tão politizada como agora. Também, essas coisas todas de homofobia. Preconceito. Chega uma hora que dói no peito, né?

Daí a gente sai às ruas. Queima os sutiãs. Levanta cartazes. Xinga. Protesta. Grita. Dança. Samba. Canta e contagia. Faz uma revolução por minuto. Ou não. As vezes só vamos lá pra beber mesmo e encontrar os amigos. Sou sincera. Mas, desta vez, não foi bem assim.

Confesso que nem tava sabendo do babado. Mas bastou acordar e abrir os olhos (por que nem sempre se acorda e se abre o olho. Botem reparo!) e entrar no Twitter. A hastag #gentediferenciada já estava nos TTs. Adoro polêmica! Já logo me informei sobre o assunto.

O povo classudo de Higienópolis assinou uma petição com mais de sei lá quantas assinaturas para impedir a construção do Metrô na Av. Angélica. Uma madame, daquelas que frequetam salão todo dia e não fazem nada da vida, chegou a dizer que o Metrô traria “gente diferenciada” para o bairro.

Porra! Que lixo de mulher. Desculpa, ela já era de idade. Mas se fosse minha avó, eu botava num asilo. Sério. Lá em Ferraz de Vasconcelos. Nada contra. Mas pela distância. Por que gente assim eu quero longe da minha vida.

A fala da velinha madame gerou uma porrada de comentários no Twitter Daí, para organizarem uma manifestação pelo Facebook foi um pulo, ou melhor, um curtir. Curtimos. Todas vai. Fomos. Chegamos atrasados, claro. Afinal, não estava indo pra Rua Augusta e sim pra Higienópolis. Fiz questão de ir linda. Super passei no salão antes, arrumei meu cabelo. Fiz as unhas. Depilação (vai saber, né? Nunca se sabe o que uma passeata nos reserva).

A manifestação já estava na Av. Angélica com a Rua Sergipe. Muita gente. Celebridades B e C. Imprensa A e B. Cadê churrasco? Cadê gente diferenciada? Vimos poucas, é verdade. Mas também, nunca vi tanta mulher bonita por metro quadrado. É uma constelação. De saias, blusas de frio, com cachorrinhos, sem cachorrinhos.

Umas meninas lindas. Bem nascidas mesmo. Com sobrenome digno pra combinar com o meu Carvalho. Uma perfeição. Desciam do alto dos seus prédios para a manifestação como se estivessem indo pra boate Royal. Coisa chique de se ver. A essa altura, já tinha me esquecido o real motivo por que eu estava ali. Até que.

Numa tentativa de aproximação, pensei: será? E se essa menina, essas, no caso, por que meu alvo sempre é amplo, me der mole? Vou levar ela pra comer aonde? Digo, não comer ela. Comer algo. No Spot? Corage! Até a Bella Paulista é simples de mais. Galeria dos pães, só de taxi. Quer dizer: Melhor me atentar a manifestação! Me juntei a banda, aos foliões (oi?) e ao coro. Gritamos pelo Metrô. Pelo bilhete único.

Por um preço mais justo. Por uma vida melhor. Por mais mulheres no mundo. Ok... Me empolguei. Aliás, não só me empolguei como me emocionei. Ver aquele tanto de gente, aqueles Uspianos, gritando “metrôoo oooh” me emocionou. Sabe? Mesmo que eles não peguem Metrô no horário de pico. Mesmo que não sofram como eu já sofri acordando as 6h pra chegar ao Shopping às 11h e ter que trabalhar toda moída por que a estação Sé te destrói. Mesmo assim. Me senti parte da história. Sério.

E assaram mesmo uma carne. Faltou apenas cerveja. Quer dizer. Cerveja tinha de sobra. Mas né. Não para os meus padrões e gostos zonalestianos de gente diferenciada. Aquela cerveja verde Stella Artois é a coisa mais horrível que já tomei em toda minha vida depois da Heineken. Foda-se! Não tenho mesmo o paladar refinado.

Entramos no Pão de Açucar. Aqui sim terá uma bela, deliciosa e humilde SKOL. Quem disse? Tudo quente. Geladeira pra que né? Só pras Nortenhas. Aquela garrafa enorme, que finos e finas tomam no gargalo como se fosse tubaína, ocupa um puta espaço na geladeira. E no meu bolso. Caro pra cacete. No mais, com muito custo e vontade, achamos a SKOL. Todas comemora, pula e protesta mais feliz.

Por fim, saímos da manifestação orgulhosíssimos do nosso papel social nessa sociedade que, como já havíamos esmiuçado sexta-feira na mesa do bar, está em declínio. Afinal, uma pessoa não querer a construção de um Metrô por trazer “gente diferenciada” pra perto é um absurdo tão grande que me faz desacreditar cada vez mais nas pessoas. Sério.

Quando morávamos na Patriarca, meu pai tinha um bar, herdado do meu avó, que chegou no bairro bem antes do Metrô. Quando começou a construção, ganhamos muito dinheiro. Muito mesmo. Minha mãe varava noite fazendo marmitex pros caras que trabalhavam a noite na obra. Foram meses até o Metrô ser construído.

Isso tudo aconteceu quando eu era um cotoco de gente. Por isso, o Metrô sempre esteve presente na minha vida. Ando quase todo dia. Graças a ele, o movimento no bairro aumentou trazendo mais clientes pro bar do meu pai. Foi uma época mó feliz.

Por isso, fico indignada com essa gente preconceituosa. Que comparou a construção do Metrô como se fosse a construção de uma penitenciaria. Sério. Vão andar na ruas, seus filhos da puta. Quanto mais Metrô, mais espaço pra vocês desfilarem com seus conversíveis. Pensem nisso, quem sabe assim vocês mudem de ideia!

2 Comentários:

  • Às 12:15 AM , Anonymous Bruh disse...

    Ainda mais agora ki tem metro com ar condicionado!!! As pessoas naum sabem aproveitar mesmo! kkkkkk

     
  • Às 3:18 PM , Anonymous will disse...

    Huhauahuahahuahuhauhua adorei a revolta do final. Mas não gostei de você ter me OMITIDO DE NOVO num post seu. O que dizer da sociedade, hein?

     

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