Várias Coisas Pra Fazer

23 janeiro 2010

Perco a hora, mas não a dignidade.:

“Bom dia. O metro começa agora suas operações. Sejam benvindos ao metro de São Paulo”. Foi bastante reconfortante ouvir aquele “bom dia”. Nunca me senti tão bem em retribui-lo. Ao passar a catraca, que debitou meus humildes e únicos 2 reais e 55 centavos, me senti muito importante e mandei de volta: Bom dia!

Mas meu dia tinha começado a muito tempo. Com uma ligação. Dispensei uma carona. Mas depois pensei que isso não tinha sido a melhor coisa a se fazer. Tudo bem. Quem está na chuva, é pra se molhar. Eu nunca me molho. Porque faço chapinha. Então, quando acabei as minhas horas de lazer e resolvi que era hora de ir embora, só havia dois empecilhos. Um: não tinha mais condução. Dois: não tenho carro.

É nessas horas que você pensa: quando eu crescer, quero ser taxista. O filho da puta que vier me buscar e levar até em casa vai ficar com a carteira cheia de dinheiro! No mínimo uns 70 reais vai dá essa corrida. Aí me veio a lembrança do bar. Por que não voltar e continuar a beber? Meu estomago foi quem deu a resposta.

Peguei o número do taxi, liguei. Ocupado! Era só que me faltava, uma rede de taxi se dar ao luxo de ficar com seus telefones ocupados às 2 horas e 35 minutos da madrugada, comigo de porre querendo voltar pra casa. Risca o porre. Eu estava sóbria. Mas não totalmente, vamos dizer assim. Tentei de novo. O-cu-pa-do.
Resolvi sentar e esperar. A essa altura, quem se importava se as escadas do metro estavam sujas ou não.

Estavam. Mas por pouco tempo. Em baixo, dentro da estação, rolava uma super faxina. Eu, confortavelmente sentada no degrau, acompanhava tudo. Primeiro, um vap poderosíssimo joga água pra tudo quanto é canto. Depois, vem uma galera (só homens) passando o escovão. Todos no mesmo ritmo. É bonito de se ver. Deu até uma limpeza no meu ser, ver aquela água, sabão e esfrega daqui e de lá.

Pensei, até que não estou tão mal. Poderia ser pior. Antes ficar do lado de fora do metro, do que dentro e tendo que trabalhar. Ainda mais de madrugada, com rodo e pano de chão na mão. Liguei novamente para o taxi. Ocupado. Foi nessa hora que senti algo estranho, olhei no relógio e já estava ali há cinco minutos. Ou dez. Não senti raiva, nem pressa. Senti sono. Dormi.

“Vamos lavar aí”. Acordei. Sério? Estava tão bom ficar aqui. 3h15. Percebendo que eu não passava de uma menina de bom coração que só estava esperando o metro abrir, o então supervisor dos faxineiros (ele usava uma roupa diferente dos demais, camisa branca. Devia ser o chefe) me disse: “vai pra aquela escada ali. Passa por aqui, e senta lá. Aquela já limpamos”.

Fiquei muito grata. É claro que foi um super favor. Afinal, o que eu podia esperar? Que ele falasse: “Entra aqui, vai lá pra SSO e aguarda que já te levo um travesseiro, cobertor e um chocolate quente”. Boa tarde! Ele foi brother. Por isso segui seu conselho e fui para outra escada. Já estava limpinha, parecia que me esperando.
Sentei. Relógio 3h20. Nada mal. Daqui uma hora e quarenta minutos já estou dentro do meu querido vagão rumo a linha vermelha. Acho digno.

Minha mãe não confiaria tanto em mim se soubesse que às 3h15 da madrugada sua filha estava sentada na escadaria do metro. Que risco corro? Nenhum. Seria muito idiota da parte do senhor assaltante assaltar uma mocinha com mochila risca nas costas, de allstar roxo, sentada na porta do metro, sem um tostão. A não ser pelo cartão de débito. Esse sim tinha fortunas. Mas sem total utilidade naquele momento.

Poderia ser estuprada, Diana. Ela falaria. Boa tarde! Minha mãe parece que não me conhece de outros carnavais. Eu e meu capuz. A combinação perfeita. Pareço um menino. Enfim, naquelas escadas do metro estava segura. Quem passava na rua, não me via. Era bem escondido. É claro que não ia me dar o luxo de ficar nas escadarias do metrô Sé. Aí já seria a mais. Com certeza daria sorte para o azar.

Sorte mesmo foi encontrar o senhor Antonio, que me fez companhia até as 3h40. Ele era encarregado de limpar os corrimãos.Trabalha no metro há 3 anos. Mora em Itaquaquecetuba. Tem dois filhos. Casal. Não se incomoda de trabalhar de madrugada. “É mais sossegado”. Devia ser mesmo, ele parecia tranqüilo. Nem um pouco cansado.

Ao acabar o serviço, Antonio voltou pra dentro da estação e fechou a grade. “Já já vai abrir. Prazer, viu” Só falta meia hora. Pensei. A única coisa que me incomodava era o estomago. Doía. O engraçado é que enquanto eu estava na viração de copo, ele não se manifestava. É parar, pra ele reclamar. Deveria ter saído com uma latinha do bar.

“Finalmente”. O senhor Antonio voltou e fez questão de abrir a grade. Muito simpático. Não ficou querendo saber porque eu estava ali, obviamente ele percebeu que a farra tinha sido boa e eu tinha perdido a hora do metro. Apenas disse: até mais. Ah, claro! Com certeza sexta-feira que vem estarei aqui para bater um papo com o senhor enquanto o metro não abre!

Menti. Mas não descarto a possibilidade de isso acontecer novamente. Vivo perdendo a hora. Aliás, perdi a estação também. Fui parar no Paraíso. Ooh sono infeliz. Voltei. Linha vermelha. Pronto. Cinco horas e trinta e cinco minutos desembarquei.

Eu poderia ter me desesperado. Praguejado até a minha quarta geração por ser tão fudida e ainda não ter um carro. Mas não. A vida pode ser realmente complicada, mas fica muito melhor quando você tira proveito das situações. E vê o lado positivo. Cheguei em casa bem. Dormi também. E acordei muito melhor, principalmente por ter economizado.

Antes 2 reais e 55 a menos e um chá de cadeira (ou melhor, de escada) do que 60 reais numa corrida de taxi.

21 janeiro 2010

Antes Fosse.:

Estava voltando pra casa, com o coração na garganta já. É triste se sentir assim. Resolvi então continuar lendo meu livro. E foi como um tapa na cara.

Ingrid Bergman (beijando Cary Grant): Este é um caso de amor muito estranho.

Grant: Por quê?

Bergman: Talvez pelo fato de você não me amar.

Grant: Quando eu não amar você, eu aviso.


Esse diálogo é do filme Interlúdio, de Alfred Hitchcok. Não que eu tenha visto. Mas o autor do livro sim. Enfim, isso só me fez ler e reler de novo esse trecho. Aí cheguei em casa, pensei. E tive a certeza.

A vida não é filme, você não entendeu
ninguém foi ao seu quarto quando escureceu
Sabendo o que passava no seu coração

Se o que você fazia era certo ou não
e a mocinha se perdeu olhando o Sol se por
Que final romântico, morrer de amor

Relembrando na janela tudo que viveu
fingindo não ver os erros que cometeu...

16 janeiro 2010

BBBichas.:

Não é segredo pra ninguém que a maioria dos meus amigos são bichas. Meu melhor amigo é bicha, no caso. E isso é uma das melhores coisas que me aconteceu. Bicha não tem frescura com mulher. É balela aquela história de que eles sentem raiva ou inveja das mulheres.

É claro que quando uma amapo (já que estamos falando deles, vamos aderir as gírias do meio) aparece na boate ao lado de um bofe escândalo, eles irão se morder de raiva. Achar defeito até no couro cabeludo da menina, mas nada que dure uma eternidade. Depois passa. São assim. Mas é claro que há suas exceções.

Isso tudo pra dizer que justo esse ano que comecei firme nas leituras. Me tornando praticamente o Will, lendo um livro por semana, começa o BBB 10. Detalhe: cheio de bichas! Detalhe mais forte ainda: com uma sapinha.

Ah gente... Aí fica difícil manter a linha Cult. Me desculpem, mas adoro Big Brother Brasil. E essa edição começou com tudo. Durante o BBB não vai me faltar serviço. É notícia atrás de notícia. Afinal, Dimmy Kieer, de Diecesar, está na casa. Serginho, o Sr. Orgastic, também. E a tímida mineira lesbian Angélica. Adoro.

Que time, não? Os coloridos... A galera dizendo por aí que já não basta ser excluído na sociedade, chegam lá e a turma GLS já é colocada em grupo. Eu não vi por esse lado. Normal, gente. Para o público se acostumar. Tudo as bichas levam para o lado negativo. Segregação? Ai gente, estamos falando de um reality, boa tarde!

Como diria o Cristian Pior, o gueto fortalece. É por isso que Serginho ganhou a liderança! Hahaha. Separaram apenas os que têm algo em comum. E por sorte são três. Enfim... Custa ficar feliz que colocaram uma drag queen e uma lésbica gostosa assumida na casa? Custa? Deve custar. Dão a mão e as bichas já querem o edy!

Mas voltemos aos participantes, que são o babado da vez. O Diecesar, a Dimmy Keer, é a preferida de todos lá da redação. Mas o Sérginho já está quase roubando esse posto.

Diecesar chegou um pouco apagado, quietinho, na dele. As mais afoitas já disseram: Ai, a Dimmy esta fazendo a bicha velha! Será? Ficar no quarto lendo enquanto todos estão brincando de pergunta-resposta na cozinha é um forte sinal de que a velhice está batendo à porta. Fica a dica!

O Sérgio, Sr. Orgastic, foi “A” revelação. Não que ele não fosse conhecido, a bicha tem perfil em site de pegação, um fotolog babadeiro e muitos closes no clube Glória. Mas poucos conheciam seu lado Sérgio mesmo. Desmontado. Porque vamos combinar, a Dimmy que é a drag, mas o Sérgio não fica muito atrás com suas maquiagens e perucas.

Enfim, fora da noite paulistana underground e gay, Sérgio se mostrou um fofo. Aquele estereótipo de bichinha uó que tínhamos vendo suas fotos se desfez. Ele é gentil, simpático e super bonitinho.

Agora, por fim, Angélica. A assumida. Chegou toda se queimando. Logo no primeiro dia já mandou a dançarina da The Week ficar quieta. Aí pensei, essa sapa não vai durar um dia. Sua sorte foi ganhar a imunidade. E que sorte.

Depois fui entendo seu jeito. Ela é tímida, mineira mesmo, na dela. Não está afim de levantar bandeira. E qual o problema nisso? Nenhum. Não se sente diferente lá na casa por ser lésbica, sente-se apenas mais uma participante do sexo feminino. O detalhe é que ela é jornalista... Aí já viu, né. A chatice reina mesmo!

Na minha opinião, ela deveria tratar todas as mulheres muito, mais muito, bem mesmo. Afinal, ela teve uma oportunidade única. Aonde ela vai vê tanta mulher linda assim junto, almoçando de roupão, tomando banho... Gente, super faria amizade, dividira o sabonete, passaria bronzeador, essas coisas. Mas não. Deus não dá asas a cobra.

Mas, apesar de tudo, Angélica já me cativou. Adoro jeitinho mineiro. Adoro pessoas tímidas. Enfim, depois dessa super análise profunda da turma dos “coloridos”, só falta mesmo dizer para quem estou torcendo. Fica a dúvida. É muito cedo pra dizer nomes, falta afinidade, então prefiro resguardar meu voto!

13 janeiro 2010

Vamos Lá.:

Quando algo começa a ser discutido e comentado por todos, me cansa. Perco a vontade de escrever sobre. Fica redundante, enfadonho. Perco o tesão. É tanta falação, tanta opinião daqui e dali, que me enche. Sério.

O pior não são os comentários, e sim opiniões defendidas com unhas e dentes como se não houvessem outras, só uma. Apenas uma verdade. Um ponto (modo, como preferir) de vista. Isso me irrita. Profundamente.

Por isso, vou dar uma pincelada (ui!) aqui sobre o "Lula, o filho do Brasil". Aliás, que nome péssimo. Estou começando a achar que filme “de pobre que se dá bem na vida” é de praxe ter a palavra "filho" no título, vide os de Francisco. Enfim...

“Lula...” é um filme “ah tá”. Daqueles que você sai da sala do cinema e pensa: era isso? Ah tá. Sem surpresas. Ou melhor, sem grandes surpresas.

Não sabia da relação dele com o pai. Que se preocupou mais com a falta do cachorro (clone do nosso dog, segundo meu amor que só gostou disso no filme, do Lobo!), do que com a presença do filho que acabara de conhecer.

Lula entrou no Sindicato/Política através do seu irmão, que foi preso e torturado. A sua história com Marisa surpreende. Ela também havia perdido o marido muito cedo, e ficou sozinha para cuidar do filho. Lula ficou sem o filho e sem a primeira mulher, que morreram na hora do parto. Com a história do casal, é possível até acreditar que nada nessa vida é por acaso.

O velho ditado se faz presente na vida dos dois: por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher. Isso é verdade. E aqui estou falando da pessoa de Lula, o que ele passou na vida, não de suas atitudes como político.

Inclusive, Dona Marisa é um caso a parte e merece mais um parágrafo. Ela sempre esteve ao lado de Lula. Fez jus ao juramento “na alegria e na tristeza”. Acompanhou o marido em tudo. Até naquelas chatíssimas reuniões de metalúrgicos, protestos e manifestações.
Duvido que ela não gostaria, vaidosa do jeito que é, de estar num shopping ou no salão fazendo as unhas na hora desses encontros. Aliás, acho que ia antes. Ela podia estar numa pocilga, num galpão preparando folhetos de campanha, mas estava sempre intocável. Elegante e fina. Adoro.

Vale citar ainda a interpretação de Glória Pires, que arrasa sempre. É difícil atrizes se desprenderem da vaidade para viverem tais papéis. Você imagina Susana Vieira vivendo a mãe de Lula? Sem maquiagem, lá no clima seco do nordeste, sem chapinha... Enfim, de cara limpa. Eu não imagino. Vaidade anula qualquer ator/atriz.

Por falar em Pires. Quando é que a Cléo Pires vai sair de vez do encalço da mãe? Precisava ser ela para o papel da primeira mulher de Lula? Que coisa mais chata esse nepotismo nas telas. Mas até que Cléo não deixou a desejar. Também... sua personagem morreu logo. Hahaha. Maldade!

Ricardo Dias mostra a que veio, sua semelhança com Lula impressiona. A voz é igualmente irritante. Ponto pra ele.

Por fim, o filme é cansativo. Na parte dos protestos, dos gritos de reivindicação... Tudo começa a ficar repetitivo. Foi a primeira vez que senti vontade de Lula se eleger logo, porque aí já sabia que o filme estava no fim.

11 janeiro 2010

Só Pra Constar.:

Meu peito parece ter uma bomba relógio. O pior é que ela está prestes a explodir. Resolvi então escrever pra vê se me esqueço pelo menos do tic tac. É infernal. Só sentindo pra saber, meu irmão.

No mais, esse ano começou até que bom. Mas aí você olha em volta e vê que tudo não passa de pura falta de compreensão. Eu e você. Você e eu. Meu querido blog. É por isso que recorro a você pra fazer a seguinte queixa:

Sabe a Bella Paulista? Então. É como parar de ir à Bella e começar a tomar café da manhã na padaria do bairro. Não que isso seja de todo ruim. Mas a Bella é a Bella. E a padaria do bairro... Bom, é a padaria do bairro. Isso não se pode negar. Não há como comparar.

É por isso que não gosto de mudanças. São sempre difíceis. Prefiro deixar tudo com está e que se foda o resto.

Bem fodido.

07 janeiro 2010

C.F.A

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar."

Continuar.
Porque eu demoro, mas aprendo.